sexta-feira, 10 de julho de 2015

Augusta

Da Paulista vinham os skatistas, da Frei Caneca os atrevidos e as passistas. Os
de andar firme ressurgiam da Consolação, gente que mora pra lá do Minhocão; a
baiana da trufa, o Tanaka do macarrão. Gente resando, olhando pro chão; outros
caminhando, de latinha na mão. A turma de Tihuana, os do rock e jaquetão - tarde
da noite, em pleno verão. A tribo do reggay, a do movimento neocristão. As
luzes, as vitrinas; as propostas indecorosas, as buzinas. As mesas na calçada,
as calçadas sem cadeiras. As disputas de som, um cheiro do bom. Pizza, hotdog ou
japonesa - na mesma calçada sem mesa. Gente subindo, gente descendo; gente só
ouvindo, a roda de violão a despistar o barulho do trânsito. O papo fluindo, a
noite se indo. E ontem o que vi foi a mesma gente, descendo e subindo - dentro
de seus carros, o motor tinindo. Liberaram a via, a calçada agora é quase vazia.
Edifícios vêem o sol cada vez mais cedo. Um brinde de cerveja achada aberta no
fundo da geladeira à especulação imobiliária

terça-feira, 7 de julho de 2015

O Espirro

Um espirro reprimido
o ouvido tranca
o vidro embassa
o farol de cor não passa
a recepcionista faz cara de palhaça
o cartão dá pirraça
é bar que não vende cachaça
é copo, é taça
qualquer barulho é ameaça
porque o ouvido tranca
o som ao redor não passa