sábado, 29 de setembro de 2012

Novamente os anônimos

Falávamos sobre a dificuldade de estabelecer um diálogo quando não se tem a
mínima noção de quem é o outro interlocutor. Aquela conversa de doido, com o
"bom te ver por aqui, continua indo lá?". Conheço muitas pessoas na rua, mas sou
um péssimo memorizador de nomes. Aí alguém me disse que eu não deveria me
preocupar muito com isso, porque hoje as pessoas estão imersas em seus próprios
mundinhos. Discordei e resolvi compartilhar esse trechinho de conversa. "Mas
olha só, a rua pra mim é um divã coletivo - numa caminhada inspirada, cada
esquina pode ser uma surpresa. E acho que tem muito mais gente boa que gente
ruim, seja pelos gestos, seja pelas idéias compartilhadas. Nunca esqueço daquela
menina que foi comigo naquela caótica tarde de sexta chuvosa até o fim do
Viaduto do Chá, me alegrando com seu imenso guarda-chuva, e só depois contou que
tava indo pro outro lado. Essa se me falasse "oi, eu sou a moça do guarda-chuva,
lembra", eu certamente lembraria, mas não faço nem idéia da 1ª letra do nome. E
assim vários anônimos fazem dessa caminhada uma suave maratona sem fim."

domingo, 16 de setembro de 2012

Desejo não tem cor

Queria estar naquele Pub cinza, tomando um Black e ficando red, ouvindo um
blues, Hard Core ou um samba de preto velho. Só não ouço cores

sábado, 15 de setembro de 2012

Blinder

No Blinder, o chat da cegolandia:
- Você é alta?
- Tô voltando da casa do Zoião, só Black e Ice. Tô altíssima!
- Tua voz lembra a da Katia Flávia.
- Como ela é?
- Conheço aquele corpo todinho, mas não sei descrevê-la!
- Conhece biblicamente?
- E paganamente também. Escuta, qual tua idade?
- Trinta e lá vai pedrada.
- Pedrada para cima ou para baixo?
- Bem, sou fortinha, então acho que para os lados.
- Adoro! Qual teu peso?
- Te garanto que você me ergue, me larga e me ergue de novo!
- Uhu! Tô na tua cola, gatolha! Como são seus olhos?
- Veja como os seus.
- Adoraria ver seus olhos nos meus!
- Isso é poético.. Gostei.
- Isso é desejo, pitchu. Conta mais. Quero te ler em braille.
- Com quantos pontos se faz um bom braille?
- Me fez cócegas só de pensar. Um arrepau no pil!
- Eita trocadalho do carilho, batido mas bem lembrado.
- Sabia que a primeira amnésia a gente nunca esquece?
- Nem por foto a gente lembra.
- O que os olhos não vêem os outros contam.
- Bem dito, mas só contam o que julgam importante.
- Então somos filtrados de muita coisa?
- Yes, penso isso.
- Merece um beijo. Segura aí: smaakt!
- Beijo pelo celular é meio gozado.
- Isso é só uma prévia, Tchu. Te farei fechar os olhos ainda mais!
- Qual o tamanho da tua bengala?
- A social ou a de trote diário?
- Você tem duas, é?
- Até três, quase um adultério.
- Fiquei com medo. Você é uma figura!
- E você é um álbum!
- Meenas, pleasfavore! Nessas horas eu preferia ser surda a cega.
- Desculpintão. Aperta o três e até mais não ver.
- Bestão! Me liga, te gosto.
- Bom dia pra você também!